A consultora BMI Research reviu em alta a previsão de crescimento de Angola para este ano, antecipando agora um crescimento de até 1%, depois da expansão de 0,5% prevista para 2023, com a inflação nos 17,5%.
Os analistas da BMI Research, na actualização do cenário macroeconómico para Angola, dizem: “Revimos a nossa previsão de crescimento do Produto Interno Bruto de 0,6% para 1%, depois de resultados melhores do que o previsto no terceiro trimestre de 2023, que comprovaram a resiliência da economia não petrolífera”.
No documento com o título “Crescimento de Angola vai continuar fraco devido à queda da produção petrolífera e à elevada inflação”, enviado aos investidores, os analistas desta consultora, detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings, escrevem que, apesar da revisão em alta, “a estimativa de um enfraquecimento do consumo mantém-se e as exportações devem cair ainda mais em 2024, anulando o forte investimento externo”.
Nas previsões, a BMI Research antevê o PIB a acelerar ligeiramente, no seguimento de um abrandamento da inflação, mas salienta que as quedas na exportação de petróleo vão manter o crescimento do PIB abaixo da média entre 2010 e 2014, de 5,3%.
O crescimento da economia no terceiro trimestre foi sustentado na actividade mineira, que cresceu 41,7% e adicionou 1,1 pontos percentuais à evolução do PIB, em contraponto com a queda da produção petrolífera de 0,4% no terceiro trimestre, o que a BMI Research diz ser “uma melhoria modesta face à contracção de 2,9% registada no segundo trimestre” do ano passado.
“Em 2024, prevemos que as exportações petrolíferas caiam menos fortemente do que em 2023, e que o investimento externo se fortaleça, mas o consumo vai continuar pressionado, mantendo o crescimento abaixo da média de 5,3% registada entre 2010 e 2014”, ano do choque petrolífero que atirou Angola para uma recessão de cinco anos.
O crescimento deste ano será sustentado no aumento do investimento externo, nomeadamente no sector petrolífero e do gás, mas também no sector energético e mineiro.
O consumo privado, pelo contrário, vai continuar pressionado pela inflação, que a BMI Research vê aumentar de 13,6% em 2023 para 17,5% este ano devido ao impacto do aumento dos preços dos combustíveis e da forte depreciação do kwanza em meados do ano passado, “o que anula o poder de compra das famílias”, a que se junta a previsão de um ano difícil em termos climatéricos, afectando as colheitas.
“Assim, esperamos que o crescimento do consumo privado desacelere, de uns estimados 1,4% em 2023, para 1,1% este ano, resultando numa contribuição de 0,5 pontos percentuais para o crescimento do PIB”, escrevem os analistas.
Com as exportações de petróleo a caírem devido à contracção na produção petrolífera, ainda assim menor face à queda prevista no ano passado, a BMI conclui que “as exportações líquidas deverão cair 15,6%, tirando 0,5 pontos percentuais ao crescimento do PIB”.
Para 2025, a perspectiva é de uma aceleração do PIB para 1,4%, “ainda abaixo do potencial de crescimento”, com a inflação a cair para 12,3% e o Banco Nacional de Angola a cortar a taxa de juro directora para 17%, o que vai favorecer o crescimento da concessão de crédito e o consumo privado.
Lusa